Empoderamento feminino na advocacia: histórias que inspiram!

 

O número de mulheres está perto de ultrapassar o de homens em atividade no Brasil na carreira do Direito. Até março de 2019, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) computava a existência de 1.198.685 advogados no Quadro de Advogados. Desse total, 550.763 são mulheres, ou seja, 46% dos profissionais jurídicos.

A quantidade cada vez maior de mulheres atuando na área do Direito, lutando por igualdade de gênero, deve-se, em parte, pelo empoderamento feminino na advocacia. No Facebook, há uma página dedicada somente ao Movimento da Mulher Advogada. É de lá que vem as histórias que inspiram contadas a seguir.

Empoderamento feminino: conheça a história de x mulheres advogadas

1. Dra. Naíde Marinho

A Dra. Naíde Marinho é uma das fundadoras do Movimento da Mulher Advogada. Atua na área cível e já ocupou os cargos de secretária adjunta, vice-presidente e secretária-geral da Caixa de Assistência dos Advogados do Estado do Rio de Janeiro (CAARJ). O trabalho incessante para a valorização e o fortalecimento da mulher advogada rendeu a ela a Medalha Resistência Cidadã, outorgada pela Associação de Antigos Alunos da Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ALUMIN-FND/UFRJ).

Embora a mãe sempre tenha desejado que a filha se tornasse advogada, foi aos 24 anos, trabalhando no departamento jurídico do Sindicato dos Médicos no Rio de Janeiro (SINMED/RJ), que a paixão pela advocacia surgiu.

Aos 26 anos, ingressou no curso de Direito noturno. Já no oitavo período, abriu o primeiro escritório de advocacia com uma amiga, mas atuava como estagiária, pois ainda era necessário concluir a graduação, o que ocorreu em 1990.

Na CAARJ, coordenou o projeto Advocacia: Profissão Mulher, que foi um dos pioneiros no país na identificação e concessão de benefícios para as mulheres advogadas. Segundo ela, “empoderamento feminino é o que a gente busca, vamos a luta”. Há mais informações sobre o projeto no site da CAARJ.

2. Dra. Ana Amélia Mascarenhas Camargo

A Dra. Ana Amélia Mascarenhas Camargo é a primeira mulher à frente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP. Ela assumiu o cargo em janeiro de 2019.

Advogada graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica (PUC), em 1981, e doutora em Direito das Relações Sociais, sempre atuou pelas causas sociais. Desde o ano em que entrou na faculdade (1977), tornou-se mais atuante contra as arbitrariedades que presenciava, depois da invasão militar na instituição de ensino nesse mesmo ano.

A advogada já presidiu a Associação dos Advogados Trabalhistas (AATSP) no biênio 2009/2010. Também dirigiu a Associação Brasileira dos Advogados Trabalhistas (ABRAT) entre 2011 e 2012.

Membro da cadeira 2 da Academia Paulista de Direito do Trabalho e professora de Direito do Trabalho na PUC, A Dra. Ana Amélia Mascarenhas Camargo entende que a OAB/SP tem um importante papel como efetiva representante da sociedade civil no que diz respeito à garantia de nossa ainda jovem democracia. Por isso, pretende formar a Comissão plural. A ideia é contar com a participação de advogadas e advogados interessados na manutenção dos direitos humanos que, no fim, representa a luta por uma sociedade mais justa e menos desigual.

3. Dra. Lisiane Lemos

Em 2018, a Dra. Lisiane Lemos foi foi reconhecida como um dos jovens negros mais influentes do mundo. Ela é especialista de soluções na Microsoft.

Ao Universa, ela disse que quer “ter uma carreira de sucesso para motivar outras pessoas, mulheres”, da mesma forma como se sentiu motivada quando fez a entrevista de emprego em que disse ter visto pela primeira vez um “executivo negro” em sua vida.

A Dra. Lisiane é afrodescendente e idealizadora da da ONG Rede de Profissionais Negros, que busca inserir pessoas negras no mundo das corporações. Com isso, ela tornou-se uma das pessoas premiadas na categoria empreendedorismo do Most Influential People of Africa Descent (MIPAD), da Organização das Nações Unidas (ONU).

A advogada também é uma das líderes do Comitê de Igualdade Racial no Grupo Mulheres do Brasil. Laém disso, participa do grupo consultivo do Fundo de Populações das Nações Unidas. Como plano de carreira, tem o propósito de fazer parte de um conselho administrativo. ““Não quero negros nas páginas policiais, mas em revistas como a ‘Forbes’. Que nem eu”, disse ao Universia.

4. Dra. Rita Cortez

A Dra. Rita Cortez é a segunda mulher a presidir o Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB). O Instituto existe há 175 anos e em todo esse tempo, além da Dra. Rita, teve apenas a advogada Maria Adélia Campello Rodrigues Pereira como presidente, entre 2006 e 2008. Para ela, “é importante que a presença da mulher na Presidência ocorra, cada vez mais, em intervalos menores”. Afinal, foram necessários 10 anos para que outra mulher ocupasse o cargo do qual foi pioneiro. Um tempo curto, quando comparado ao tempo necessário para que uma mulher ocupasse o cargo de presidente.

De acordo com a Dra. Rita Cortez, assumir o cargo é ” um passo significativo para o movimento das mulheres advogadas, no sentido de alçarmos o imprescindível reconhecimento da nossa importância profissional e social”. Porém, para a advogada especialista em Direito Trabalhista, “ainda estamos longe de atingir aquela máxima de que “lugar de mulher é onde ela quiser””.

Contudo, por mais difícil que seja, o empoderamento feminino na advocacia está cada vez mais ativo. É cada vez mais crescente o apoio às mulheres advogadas em sua inserção no meio jurídico. Estes são apenas quatro bons exemplos de que sim, é possível. “Precisamos tão somente de atitudes concretas e corajosas em defesa da igualdade de gênero”, reforça a Dra. Rita em entrevista ao Movimento da Mulher Advogada.

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