Advogar ou entrar para a magistratura? Foi-se o tempo em que essas eram as duas opções de carreiras jurídicas. Atualmente, o Direito detém tantas possibilidades profissionais quanto outras áreas de atuação do mercado de trabalho.
Uma das mais recentes é a possibilidade de se tornar Data Protection Officer (DPO) das empresas, ou seja, a pessoa responsável pela proteção dos dados que circulam nos empreendimentos jurídicos. É uma exigência da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). As empresas brasileiras têm até agosto de 2020 para estarem adequadas às determinações da nova legislação.
Embora não haja nenhuma normativa que determine que o DPO precisa ser um profissional graduado em Direito, a recomendação da maior parte dos especialistas em LGPD é para que o cargo seja exercido por alguém com conhecimento jurídico. Assim, amplia-se as possibilidades de carreiras jurídicas. Também, comprova-se o quanto o Direito está inserido em diversos ramos da sociedade.
Até pouco tempo, não havia a necessidade, por exemplo, de profissionais com formação na área jurídica entender sobre o levantamento e análise de dados. Algo que já é realidade nos escritórios de advocacia e departamentos jurídicos, nas áreas de Controladoria. Sem esse conhecimento, é mais difícil para um profissional do Direito exercer a função de Controlador.
Essa é uma amostra, também, de como a inserção da tecnologia na advocacia atua de forma diferente da criada no imaginário. A substituição dos profissionais de advocacia existe somente perante a necessidade de agregar um conhecimento novo, dominado por um profissional preparado e não por outro, pouco qualificado para exercer a função.
Esses são apenas dois exemplos de novas carreiras jurídicas para os profissionais do Direito. Há mais possibilidades para se conhecer.
4 carreiras jurídicas em que se especializar
Há variadas oportunidades para quem se dedica ao estudo do Direito. Para além das opções de advogar e compor os quadros do Judiciário, existe uma gama de alternativas que se abrem para os profissionais com pretensão de atuar no mercado jurídico.
1. Advogado corporativo
O advogado corporativo é o consultor jurídico da empresa. Ele não apenas elabora contratos, como também gerencia todas as outras demandas judiciais do empreendimento. Geralmente, é quem faz a gestão dos processos cíveis, trabalhistas e tributários nos quais a empresa está envolvida.
Dificilmente o advogado corporativo atua sozinho. Em muitas empresas, ele faz parte de uma equipe jurídica e multidisciplinar que trabalha em conjunto para a conquista dos resultados esperados. Sendo assim, juntos, criam estratégias para diminuir o número de litígios e atuar preventivamente para evitar o envolvimento em novos processos.
2. Advogado do terceiro setor
O advogado do terceiro setor não pode – e nem deve – dominar somente questões técnicas, como as leis. Para poder atuar nessa área, também deve saber conceitos de administração, política, gestão e estatística.
O terceiro setor não é um setor tradicional, por isso, também exige do advogado uma dose de flexibilidade e inovação. A primeira é uma habilidade necessária para lidar com as situações diversas do dia a dia. Desde algo como fazer uma transferência bancária até a elaboração de um documento formal. Já a segunda contribui para se envolver em atividades fora do escopo jurídico. Afinal, às vezes é preciso encontrar novas maneiras de realizar pesquisas e representar o cliente.
3. Consultor estratégico de startups
O mundo da tecnologia está se desenvolvendo exponencialmente. Um exemplo é o número de lawtechs que compunham o radar da Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs (AB2L) há dois anos. Eram pouco mais de 44 negócios desenvolvendo soluções para o ecossistema da Justiça. Em 2019, esse número passa de 150 legaltechs.
Todos esse negócios precisam de suporte jurídico para continuar a se desenvolver. Mas, não só os de lawtechs, e sim todos que utilizam a tecnologia para criar soluções para facilitar o cotidiano das pessoas. Desde a concepção da empresa é necessário que ela detenha assessoria para lidar com assuntos fiscais, trabalhistas, societários, etc..
É uma relação contínua, em que o advogado também precisa conhecer o negócio do cliente, portanto, entender de tecnologia e do que está sendo executado. Sendo assim, é uma atuação para além da proteção jurídica. Requer o envolvimento com metas e participação ativa na execução de novos projetos.
4.Especialista em Direito Digital
De novo, a tecnologia demanda dos profissionais do Direito conhecimentos desafiadores e que terão cada vez mais questões a tratar. Um caso que ilustra o quanto há um segmento a explorar é o da Uber. Os motoristas que usam o aplicativo para gerar renda com o transporte de pessoas são trabalhadores da empresa ou consumidores do aplicativo?
Essa é uma discussão dos tempos modernos e que geram diferentes entendimentos pelo mundo. Há países que consideram os motoristas trabalhadores da Uber. Outros, como usuários do aplicativo.
São questões que a legislação atual não contempla e que é preciso ter conhecimento e criatividade para solucionar. Como são tratados esses casos no Brasil? Mais uma vez, é uma questão que a tecnologia pode solucionar.
Uma solução de legal analytics pode levantar esse dado para especialistas em Direito Digital. Além de uma fonte de estudo e pesquisa, permite analisar o posicionamento do Judiciário quando provocado para solucionar esses dilemas.
Então, essas são boas opções de carreiras jurídicas? Como dito, há várias outras possibilidades. O ideal é entender com qual há maior identificação. Entretanto, não há problema algum em alterar o rumo quando a escolha não parecer ser a adequada.