O que significa data driven? Essa é a pergunta que mais importa quando o assunto é a criação de uma cultura em cujo centro das decisões está a análise de dados.
Basicamente, ser data drive é isso: conduzir todas as atividades do escritório de advocacia com base nos dados e não somente com fundamentação na experiência profissional.
Portanto, a cultura data drive apenas começa com a intuição. Então, são analisados os dados para verificar se há sentido nessa intuição e gerar insights. Depois, parte-se para a decisão do que fazer e para a execução.
Esse é um ciclo que apenas 29% das empresas no mundo conseguem completar, de acordo com os dados apresentados pela advogada Vanessa Vilarino Louzada na Fenalaw 2019.
Ela enumera os cinco estágios pelos quais passam os negócios jurídicos até criar uma cultura data driven de fato:
1. Resistência aos dados
O pensamento comum a quem resiste aos dados é o “sempre fizemos dessa maneira”. Segundo Cristopher S. Penn, que desenhou a evolução da cultura data driven nas organizações, os principais motivos para a manutenção desse pensamento são:
- a possibilidade de os dados mostrarem problemas de desempenho que estão ocultos;
- a possível identificação de uma estratégia sem alinhamento;
- o receio de os dados influenciarem negativamente a visibilidade da marca.
Por essa razão, a cultura data driven precisa ser iniciada dentro da empresa, e não ser uma iniciativa externa.
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2. Reconhecimento e valorização dos dados
É a fase em que se entende a importância dos dados, mas em que há somente uma curiosidade a respeito deles. É quando desperta-se o interesse em saber quais informações os dados podem revelar e começa-se a observá-los de maneira incipiente nas fontes em que eles podem ser coletados, como em planilhas e softwares de gestão de processos.
3. Consciência dos dados
Nesse estágio, o negócio jurídico já se concentra em realmente analisar os dados para extrair informações estratégicas deles. Inclusive, é nesse momento que muitos escritórios de advocacia recorrem às soluções de legal analytics para:
- levantar o volume total de processos;
- verificar o histórico de julgamentos;
- detalhar a performance dos resultados;
- identificar onde estão os riscos.
Com isso, evolui para o entendimento do valor tático dos dados. Logo, há uma evolução no pensamento, que passa a ser o de “não vamos fazer isso de novo” e o de “vamos fazer mais disso”. Conforme essa evolução progride, o escritório de advocacia avança para o estágio de conhecimento dos dados.
4. Conhecimento dos dados
Já ciente do valor tático dos dados, escritórios de advocacia que tomam maior conhecimento dos dados compreendem que eles são um ativo estratégico. Ou seja, são capazes de gerar insights a partir de questionamentos relevantes:
- por que perdemos X processos no último mês?
- Por qual razão o escritório estagnou o crescimento?
- Qual é o motivo de a estratégia N ter funcionado e a Y não?
Tudo isso faz parte de voltar o olhar para dentro do negócio jurídico, buscar saber qual é a visão que pode haver dele externamente ou a razão pela qual algo aconteceu como aconteceu.
Encontrar as respostas leva a uma outra pergunta, essencial para considerar que o escritório de advocacia detém uma cultura data driven implementada: “o que fazer sobre isso?”.
5. Orientado por dados
Mais do que saber o que fazer a respeito das informações geradas pela análise dedados, profissionais de advocacia que atuam dentro de uma cultura data driven conseguem saber o que vem a seguir. Afinal, possuem os dados, as análises e os insights. O cruzamento dessas informações são recursos estratégicos para planejar:
- investimento;
- gestão de riscos;
- ações mais assertivas.
São poucos tópicos, apenas para exemplificar o que é possível fazer quando se sabe o que aconteceu, por qual razão e o que provavelmente vai ocorrer somente devido à implementação da cultura data driven.
Todo escritório de advocacia orientado a dados planeja e toma decisões tendo-os por embasamento, e não deixa de coletar e medir o impacto das estratégias, nem de realizar ajustes, caso necessário.
Leia também:
- LGPD: o que fazer em caso de vazamento de dados?
- Peticionar no processo: como a tecnologia pode ajudar
- Ataque hacker: como proteger seu escritório de advocacia
Como inserir a cultura data driven no escritório de advocacia
Nenhum negócio jurídico, aliás, chega ao quinto estágio e se torna data driven sem pessoas, processos, assets, dados e tecnologia.
1. Pessoas
Sem o engajamento das pessoas, dificilmente o escritório de advocacia conseguirá implementar uma cultura data driven. Assim, é importante que todos entendam o quanto a coleta e análise de dados pode contribuir para o crescimento do escritório de advocacia, a melhora dos processos internos e os resultados dos litígios.
Também, é fundamental que as pessoas envolvidas nas ações direcionadas pelos dados não sejam apenas as que atuam na área do Direito. Uma equipe multidisciplinar, com habilidade analítica, pode extrair muito mais informações estratégicas dos dados do que uma formada por especialistas em uma só área. Integrar profissionais de estatística, computação e matemática aos demais enriquece não só a análise de dados como traz outras visões para o negócio jurídico.
2. Processos
Os processos, nesse caso, são os internos, os operacionais. Os dados ajudam a identificar os pontos de gargalo, aqueles em que é preciso haver melhorias, quais precisam ser estruturados para criar uma consciência e uma inteligência coletiva para que seja possível alcançar os objetivos do escritório de advocacia.
É possível que alguns desses processos operacionais necessitam de automação para direcionar o trabalho repetitivo e conceder à equipe mais tempo para desenvolver o pensamento estratégico.
3. Assets
Assets nada mais são do que as propriedades digitais, ou seja, tudo o que for capaz de melhorar a agilidade, reduzir custos e gerar assertividade. Enquadra-se nesse tópico da cultura data driven dispositivos móveis de fácil interação, por exemplo.
Os assets ajudam a melhorar a experiência, garantir a satisfação, além de gerar mais informações para análise.
4. Dados
Ter os dados, somente, de nada adianta. É preciso olhar para eles e definir metas e indicadores de sucesso. Principalmente porque é a partir das metas estabelecidas e dos indicadores almejados que o planejamento é elaborado, com as ações a serem executadas para o alcance dos objetivos traçados.
5. Tecnologia para ser data driven
A tecnologia, na cultura data driven, é o meio usado para unificar as informações, portanto, de relacionar os dados mais facilmente. Soluções de legal analytics, com inteligência artificial e aprendizado de máquina, são os recursos mais usados por escritórios de advocacia, geralmente.
Por fim, o que é possível concluir é que a cultura data driven está crescendo entre as organizações. Sendo assim, escritórios de advocacia à margem dessa realidade podem ter muito a perder. Ainda mais se considerar os diversos ganhos da implementação e manutenção da cultura data driven em negócios jurídicos.
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Artigo publicado originalmente no blog do Convex Legal Analytics.